sábado, 13 de julho de 2013

O Jovem Espírita - Capítulo XVI - "Na Mesa Oval"

472. Os Espíritos que procuram atrair-nos para o mal se limitam a aproveitar
as circunstâncias em que nos achamos, ou podem também criá-las?
“Aproveitam as circunstâncias ocorrentes, mas também costumam criá-las, impelindo-vos,
mau grado vosso, para aquilo que cobiçais. (...)” (Allan Kardec, O livro dos Espíritos).

                - Você é mesmo um inútil Caius...
            - Não tive culpa... – respondeu Caius um pouco submisso, diante a imposição em tom firme do líder da reunião. - O que estava ao meu alcance eu realizei, porém, grande barreira existia no apartamento da Rua Sainte-Anne n. 59, no qual não pudemos entrar, e por mais que influísse pensamentos malignos de discórdia e desânimo pelo lado de fora do prédio, nada parecia os incomodar. Mesmo depois, quando juntamente de outros camaradas, obscurecemos a visão dos populares e das autoridades, levando-os a crer na natureza infame dos exemplares encomendados em Barcelona, e mesmo sendo queimados em praça pública, isso apenas causou um maior interesse pelo conteúdo contido neles. Pareceu-me até que tinha sido uma estratégia do adversário.
            - Aquelas “fadinhas” intrometidas... – disse outro senhor sentado à mesa, em tom de descaso.
            No total, sete comandantes participavam da reunião, sentados em uma mesa em formato oval nem muito longa nem muito curta, porém preenchendo-a por completo. Apenas uma fraca luz amarelada bruxuleava do teto, no entanto, de ínfima intensidade de forma a não poder clarear realmente a face daqueles que ocupavam as cadeiras imponentes ao redor da mesa.
            - E então? Vai ficar por isso mesmo? Não vão fazer nada!? – disse o líder.
            - Podemos continuar na preparação dos desencarnados, trazendo-os cada vez mais para o nosso lado. E também trabalhar na mente dos vivos para se afastarem cada vez mais do espírito, enchendo-lhes com paixões materiais. – disse o senhor de barba negra e de presença densa e maligna.
            - Ótimo! – exclamou o líder. – Ao menos um de vocês ainda pensa...
            - Ainda não é o suficiente... – murmurou em voz baixa Caius.
            - O que disse Caius? – perguntou o líder.
            - Disse que não é o suficiente! – respondeu imponente o interlocutor, desta vez socando a mesa. – Há rumores da propagação desta doutrina também para ao Novo Mundo, e dizem que será uma das terras onde haverá o maior acolhimento destas ideias.
            - E o que você pretende fazer quanto a isso? Já não falhou humilhantemente em sua última tentativa? – disse ironicamente o senhor de barba negra, para as gargalhadas dos outros.
            - Desta vez não falharei... – disse Caius confiante, interrompendo as risadas.
            - Pois então que assim seja... – disse-lhe o líder se levantando da mesa. – Confiaremos a você a tarefa de impedir a instalação destes ideais no Novo Mundo, e espero que desta vez não falhe, pois se falhar será deposto de sua posição. – e após de breve pausa disse – Dou por encerrado a reunião.
            Todos encaravam Caius, especialmente o senhor de barba negra, que transmitia intensa vibração negativa em sua direção.  Enquanto os outros de pouco em pouco iam se levantando e saindo, apenas Caius e o senhor permaneciam sentados à mesa. Foi quando ele se levantou e, fitando Caius intensamente, rodeou a mesa, aproximou-se dele sussurrando algo de modo ameaçador.
            - Mexe que mexe que mexe... Requebra 1, 2, 3... – cantarolava um faxineiro que passava pela sala em que Tiago repousava despreocupadamente.
            Após sentar-se por breve momento, um cansaço enorme lhe acometera. Como que se suas energias tivessem sido sugadas, Tiago apoiara a cabeça sobre seus próprios braços, acomodando-se numa mesa e dormindo um sono profundo sem perceber. E apenas acordou, por causa da melodia estarrecedora que vinha do rádio de pilha do faxineiro.
            Confuso e ainda cambaleante, Tiago se levantou e esfregou os olhos. Procurando o faxineiro que o acordara, perguntou:
            - Por favor senhor, quantas horas?
            - Já são quatro da tarde, menino... – respondeu surpreso o faxineiro. - E me diz uma coisa, o que você “tá” fazendo aqui? Todo mundo já foi embora há muito tempo...
            -Ah sim... Tudo bem... Eu também já estou de saída... Obrigado! – respondeu agradecido Tiago.
            Dirigindo-se a parte exterior do colégio, Tiago aproximou-se do primeiro telefone público que encontrou, pois evidentemente seu celular havia acabado a bateria. Queria ligar para Zaf para obter notícias de Juliana, que tinha ficado aos seus cuidados mais cedo.
            - Alô, Zaf? – disse Tiago ao telefone.
            - Fala fujão... Aonde você “tá” cara? – respondeu Zaf.
            - Ainda na porta do colégio, mas e vocês? Estão aonde?
            - Estamos no hospital. Eu trouxe Juliana para fazer alguns exames, mas ela está bem... Nada de grave...
            - Que bom... Vou aí me encontrar com vocês. Me esperem...
            Desligou o telefone e caminhou em direção ao hospital. A medida que caminhava, foi se lembrando de alguns “flashs” de seu sonho. Não se recordava completamente dele, só tinha a impressão de não ter sido muito bom. Uma sensação esquisita de que tivera feito algo de errado lhe povoava o interior, deixando-o deveras desanimado.
            Chegando a portaria do hospital, pediu informações a recepcionista sobre a sua amiga. E logo subiu às pressas as escadas, e chegando ao quarto em que se encontravam Juliana e Zaf, disse:
            - E aí pessoal... – disse Tiago ofegante, ao abrir a porta bruscamente.
            - Que susto Tiago... – disse Juliana, levando a mão ao coração. – Pelo menos bata na porta, ou avise quando for entrar...
            Juliana estava sentada na cama do dormitório, com Zaf acomodado numa cadeira ao lado da mesma. Ela já parecia estar bem melhor, e estavam apenas esperando os resultados dos exames.
            - Desculpe gente... – disse ainda ofegante Tiago.
            - Desculpa!? Você me deixou lá sozinha... – exclamou Juliana.
            - Sozinha? – interpelou Zaf.
            - ... quero dizer, junto deste “sem noção”... – continuou Juliana.
            - “Sem noção”!? – interpelou novamente Zaf.
            - ... e saiu pra fazer “sei lá sabe o quê”, em vez de me ajudar! Isso não tem desculpa!
            - Bom, depois dessa, acho melhor eu ir embora, já vi que a coisa vai esquentar... Boa sorte Tiago... – disse Zaf já saindo pela porta. – Até mais...
            - Não... Espera Zaf... – disse Juliana compreendendo de súbito que iria ficar sozinha com Tiago. E depois de tudo o que acontecera no armário de vassouras, não era exatamente esse seu maior desejo.
            Entreolhando Tiago, num silêncio massacrante, Juliana procurava palavras para falar com o amigo. Pensava: “O que está acontecendo comigo? Antes era tão fácil falar com ele...”.
            Enquanto isso, Tiago depois de se sentar na cadeira onde estava Zaf, teve mais um lampejo. Um fragmento de memória de seu sonho veio em sua mente, juntamente de um sentimento estranho de vingança. Era a última cena daquele terrível episódio, em que o senhor sussurrava-lhe algo ao ouvido e que Tiago não sabia o que.
            Ainda abobada, Juliana balançava as pernas ansiosamente sentada na cama olhando para o teto e as paredes, sem mencionar nenhuma palavra, persistindo o estranho silêncio. Quando mais alguém entra no quarto:
            - Filhinha, você está bem?
            - Pai? – diz Juliana, porém pensando: “Salva pelo gongo...”.
            - Boa tarde, Tiago... – diz Antônio, o pai de Juliana.
            - Boa tarde, Sr. Antônio... – respondeu Tiago.
            - Filhinha, você se machucou? – disse Antônio abraçando a filha contra o peito.
            - Eu estou bem papai... Foi só uma “torçãozinha”... – disse Juliana  encabulada.
            - Ainda bem, filha... – respirou aliviado Antônio. – Obrigado Tiago, por ter trazido ela... Te agradeço imensamente, meu filho...
            Tiago envergonhado por não ter ajudado verdadeiramente a amiga, esboçou uma reação, porém foi interrompido por Juliana.
            - Sim pai ele me ajudou bastante... – e olhando para Tiago disse: - Obrigada, Tiago! – com um tom meio sarcástico.
            Depois de um sorriso meio torto, Tiago despediu-se da amiga com um beijo no rosto, como era de costume, e também de seu pai com um aperto de mão estranhamente forte da parte de Antônio, possivelmente pelos ciúmes dele pela filha.  Juliana ficara com um estranho sorriso no rosto, enquanto Tiago ainda saia pela porta.
            - Que isso filha?  Está com dor em algum lugar?
            - Não pai... Não é nada. – suspirou. – Não é nada...
            Já na parte de fora do hospital, observando de longe Tiago ao sair, duas pessoas conversavam.
            - Nossa! Hoje ele deu muito trabalho... – disse uma delas.
            - É... Mas graças ao seu livro parece que ele já está começando a compreender o seu papel aqui... – respondeu a outra.
            - Realmente, ele será um excelente médium...


CRIAÇÃO
                                                                       Michael Menezes Martins
                                                                       Márcio de Sousa Mateus Jr.
                                                                      
REVISÃO
                                                                       Nísia Anália
                                                                       Khal Rens Cândido

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AVISO!!

Bom gente, chegamos ao final do semestre, e como sempre tava corrido para todo mundo, por isso o atraso tão grande nessa postagem =s
E queria dizer que agente não desistiu não viu, o Jovem Espirita vai continuar a sair, só que, agente vai ter uma pausa agora, de 1 mês mais ou menos, pra coincidir o novo arco da serie com a volta da nossa mocidade ^^
então não fiquem tristes, porque em agosto tem mais.
Espero que estejam gostando até aqui, e se segurem porque ainda vem muita coisa por ai :D
Té mais povo!

e ah! as matérias aqui no blog vão continuar, então não deixem de acessar viu? :P

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