“Nada ocorre sem a permissão de Deus (...)”
(Allan Kardec, O livro dos
Espíritos, perg. 258.a).
Tratava-se de um livro muito
interessante, escrito à longa data por um estudioso das ciências espirituais,
Allan Kardec era seu nome. Continha os princípios da Doutrina Espírita ou o
Espiritismo, que tem por princípio as relações do mundo material com os
Espíritos ou seres do mundo invisível. Sendo os adeptos do Espiritismo os
espíritas, ou ainda, os espiritistas.
Dizia-se ser um livro de perguntas e
respostas, perguntas estas feitas pelo autor, e respondidas pelos Espíritos. Incorporava
questões sobre a imortalidade da alma, a natureza dos Espíritos e suas relações
com os homens, as leis morais, dentre outras verdades da existência terrena e
espiritual. Fundamentada na fé em Deus e na razão, fazendo um intermédio da
compreensão dos fatos que nos são revelados.
Tiago, sedento pelo conhecimento,
apenas pôde folhear a obra rapidamente, sem aprofundar-se realmente aos
misteres ali apresentados. Devia se apressar, pois ainda retornaria a escola naquele
dia para realizar novamente a prova de Português, a que já tinha adiado duas
vezes.
Desesperou-se por um instante em
pensar que teria de retornar à escola à noite mais uma vez. Desta vez,
prevenira-se, estava levando consigo um “kit” extra de canetas e lapiseiras,
que não o fariam deixar a sala até o término da prova.
E assim, lá foi Tiago pelo caminho que
fazia sempre à escola.
Assim que chegou, foi logo à procura
da sua professora. Encontrando-se com ela, após breve discurso, Denise
encaminhou Tiago até a mesma sala em que ficara da última vez em que “tentou”
realizar a prova, lhe dando os mesmos avisos que dera outrora; acrescentando:
- Lembre-se que esta é a última vez
que lhe dou esta chance... E que se não tirar uma boa nota nesta avaliação,
possivelmente será reprovado! – disse enfaticamente a professora.
Tiago ansioso por deveras motivos,
balançou a cabeça em atitude de entendimento e pôs-se a fazer a prova, enquanto
Denise abandonava a sala.
O teste até que não estava tão
difícil, também as diversas tentativas e preparativos para fazê-lo, o deixara
mais simples.
Enquanto Tiago ainda terminava sua
avaliação, entretido e desligado do meio em que se encontrava, uma situação inusitada
ocorreu. Em especial naquela noite, apenas parte de uma turma em que a
professora Denise ministrava aulas, permanecia no colégio. Denise se esquecera
de que Tiago permanecia na escola a fazer a prova na sala do piso inferior,
também o pudera, pois a sala em que ele estava era bastante afastada das
outras, oculta em um canto quase que exterior ao colégio.
E desta forma, ao final de sua aula, Denise
liberou os alunos e recolheu seus pertences, encaminhando-se a saída. Lá
encontrou o Sr. Inácio, porteiro da escola. Inácio já era um senhor idoso, seus
cabelos grisalhos lhe davam um tom de madureza, porém conservava sempre a
alegria de uma criança, muito gentil e atencioso com todos.
- Boa noite Sr. Inácio! – disse
Denise ao senhor.
- Boa noite Dona Denise... –
respondeu educadamente o gentil senhor. – Já acabou a aula da senhora?
- Já Inácio... Pode trancar a escola
e ir pra casa descansar...
- E vou mesmo... Não gosto de ficar
aqui até muito tarde. Essa escola aqui à noite é muito esquisita, chega até a
me dar arrepios... Dizem que coisas estranhas acontecem aqui...
- Que isso homem, larga de ser
medroso... – disse em tom de brincadeira Denise enquanto se despedia de Inácio.
- Até amanhã...
E assim, despreocupado e querendo ir
logo para casa, o gentil porteiro trancou os longos portões do colégio.
- Terminei... – disse aliviado Tiago
ao terminar a avaliação. – Achei que não ia terminar nunca...
Tiago olhou para os dois lados da
sala. Agora que percebera que estava sozinho ali, e por este simples fato, já
ficou apreensivo. Resolveu então ir até a sala no piso superior, encontrar-se
com a professora Denise.
Caminhando até as escadas que davam acesso
ao segundo andar, observou que a escola encontrava-se num silêncio ainda maior
que o de costume. Todas as luzes das outras salas e corredores estavam
desligadas, e Tiago ligava-as à medida que caminhava.
Alcançando o segundo andar, percebeu
que teria que passar mais uma vez pela sala de artes, onde da última vez
encontrara-se com o fantasma do diretor. Arrepiava-se todo só de pensar na
possibilidade de outro encontro inesperado daqueles. Daí lembrou que já o tinha
visto depois daquele incidente, e que ele parecera inofensivo a luz do dia. Todavia,
uma coisa é vê-lo de longe, quando estava claro e rodeado de salas cheias de
alunos, e outra muito diferente, é vê-lo ao seu lado, em pé e o encarando, ainda
mais nestas condições sombrias que se encontrava.
Porém, enchendo-se de coragem,
passou pela sala e virou-se rapidamente para trás para verificar se nada o
acompanhava. Respirando aliviado, pela inexistência de algo suspeito,
continuou. Chegou até a sala que Denise disse que estaria. Contudo, estava
vazia...
Tiago achou estranho, e reparando bem nas outras
salas daquele andar, verificou que as demais também estavam vazias.
Retornando ao andar inferior,
procurou em vão sua professora pelas diversas salas do colégio, porem todas
estavam vazias. Assim concluiu que estava sozinho na escola.
- Estou sozinho na escola?! – disse medrosamente Tiago.
Correu até o portão da escola, e
batendo-o e chutando-o, gritava:
- Me tirem daqui... Eu estou
preso... – gritava desesperadamente Tiago.
Atitude em vão, pois ninguém o ouvia.
Já era tarde, passava das vinte e duas horas e a maioria das pessoas já havia
se dirigido para as suas casas. Um sentimento de angústia e medo se apossou de
Tiago. Resolveu voltar, ir até aos fundos da escola e ver se conseguia pular
por alguma brecha do muro. Assim não precisaria esperar que abrissem a escola
pela manhã para poder ir embora. Só havia dois “probleminhas”, primeiramente,
Tiago não era muito bom em educação física e, consequentemente, um péssimo
escalador; e também, teria que ficar atento ao fantasma do diretor, que poderia
aparecer a qualquer momento.
Tremendo os joelhos e precisando
tomar uma atitude, Tiago decidi por tentar pular o muro. Encaminha-se até a
sala em que fazia a prova para recolher seus materiais. Ainda abalado pela
situação a que se encontrava, guardava rapidamente os objetos na mochila. Até
que um barulho, vindo de uma sala próxima, o assusta, e no movimento de olhar
para trás para verificar de onde vinha o som, Tiago derruba a mochila no chão,
espalhando os livros e cadernos pela sala. Assustado e ao mesmo tempo ansioso,
Tiago começa a recolher as coisas no chão. Quando se depara com o livro que
ganhara do avô: “O livro dos Espíritos”, enquanto outro barulho vinha da sala
ao lado. Depositando toda sua esperança no livro por uma resposta, Tiago abre o
livro em uma página aleatória e fixando os olhos num trecho, lê:
“Nada ocorre sem a permissão de Deus
(...)”.
Refletindo sobre o assunto, não poderia ser
mais oportuno, e se assim o fosse, Tiago confiar-lhe-ia os acontecimentos
porvindouros daquela noite. Lembrou-se também do Salmo 23, que sua mãe
repetidamente falava em situações difíceis: “O Senhor é o meu pastor, nada me
faltará”.
Tiago, agora mais calmo, pela segunda vez
em sua vida, resolve fazer uma prece. Pediu proteção aos males que pudessem o
infligir, e também pela elucidação das suas visões. Serenando os sentimentos,
encheu-se de coragem e decidiu verificar o que acontecia.
Pé por pé, se dirigi a porta da sala
ao lado, esgueirando-se por detrás dela.
Observava algo totalmente
inesperado, algumas pessoas, senhores muito bem vestidos, se acomodavam nas
cadeiras da sala. Pareciam velhos conhecidos e riam-se contidos, possivelmente
para não ocasionar nenhuma balburdia. Contavam em seis ou sete, e prestando
mais atenção, Tiago verificou que aqueles senhores eram na verdade espíritos,
pela aura clara que mantinham envolta de si, principalmente na cabeça, que
irradiava cada vez mais luz.
Reparando mais fortemente, Tiago fez notar que
o diretor se encontrava entre esses personagens, sentado no círculo que agora
se formava. Não obstante, chegara outro senhor, que Tiago não observou
claramente de onde vinha ou de quem se tratava, mas, como os outros, irradiava
intensa luz.
- Queridos irmãos, começaremos assim
então nossa reunião... – disse este Espírito que acabara de adentrar.
CRIAÇÃO
Michael
Menezes Martins
Márcio
de Sousa Mateus Jr.
REVISÃO
Nísia
Anália
Khal
Rens Cândido
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Meu povooo, desculpem pela demora [só uma semana de atraso, magina xD] mais enfim, finalmente tá ai o capitulo XI, tivemos algunsproblemas com a edição e revisão e tudo, mais no fim deu tudo certo, e não se preocupem que vai ter capitulo duplo daqui a algumas semanas pra compensar :D
é isso ai povo, até semana que vem, e falo serio dessa vez uahsuash, o/
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