domingo, 19 de maio de 2013

O Jovem Espírita - Capítulo XI - "Passando a Noite"



                “Nada ocorre sem a permissão de Deus (...)”
(Allan Kardec, O livro dos Espíritos, perg. 258.a).

            Tratava-se de um livro muito interessante, escrito à longa data por um estudioso das ciências espirituais, Allan Kardec era seu nome. Continha os princípios da Doutrina Espírita ou o Espiritismo, que tem por princípio as relações do mundo material com os Espíritos ou seres do mundo invisível. Sendo os adeptos do Espiritismo os espíritas, ou ainda, os espiritistas.
            Dizia-se ser um livro de perguntas e respostas, perguntas estas feitas pelo autor, e respondidas pelos Espíritos. Incorporava questões sobre a imortalidade da alma, a natureza dos Espíritos e suas relações com os homens, as leis morais, dentre outras verdades da existência terrena e espiritual. Fundamentada na fé em Deus e na razão, fazendo um intermédio da compreensão dos fatos que nos são revelados.
            Tiago, sedento pelo conhecimento, apenas pôde folhear a obra rapidamente, sem aprofundar-se realmente aos misteres ali apresentados. Devia se apressar, pois ainda retornaria a escola naquele dia para realizar novamente a prova de Português, a que já tinha adiado duas vezes.
            Desesperou-se por um instante em pensar que teria de retornar à escola à noite mais uma vez. Desta vez, prevenira-se, estava levando consigo um “kit” extra de canetas e lapiseiras, que não o fariam deixar a sala até o término da prova.
E assim, lá foi Tiago pelo caminho que fazia sempre à escola.
            Assim que chegou, foi logo à procura da sua professora. Encontrando-se com ela, após breve discurso, Denise encaminhou Tiago até a mesma sala em que ficara da última vez em que “tentou” realizar a prova, lhe dando os mesmos avisos que dera outrora; acrescentando:
            - Lembre-se que esta é a última vez que lhe dou esta chance... E que se não tirar uma boa nota nesta avaliação, possivelmente será reprovado! – disse enfaticamente a professora.
            Tiago ansioso por deveras motivos, balançou a cabeça em atitude de entendimento e pôs-se a fazer a prova, enquanto Denise abandonava a sala.
            O teste até que não estava tão difícil, também as diversas tentativas e preparativos para fazê-lo, o deixara mais simples.
            Enquanto Tiago ainda terminava sua avaliação, entretido e desligado do meio em que se encontrava, uma situação inusitada ocorreu. Em especial naquela noite, apenas parte de uma turma em que a professora Denise ministrava aulas, permanecia no colégio. Denise se esquecera de que Tiago permanecia na escola a fazer a prova na sala do piso inferior, também o pudera, pois a sala em que ele estava era bastante afastada das outras, oculta em um canto quase que exterior ao colégio.
E desta forma, ao final de sua aula, Denise liberou os alunos e recolheu seus pertences, encaminhando-se a saída. Lá encontrou o Sr. Inácio, porteiro da escola. Inácio já era um senhor idoso, seus cabelos grisalhos lhe davam um tom de madureza, porém conservava sempre a alegria de uma criança, muito gentil e atencioso com todos.
            - Boa noite Sr. Inácio! – disse Denise ao senhor.
            - Boa noite Dona Denise... – respondeu educadamente o gentil senhor. – Já acabou a aula da senhora?
            - Já Inácio... Pode trancar a escola e ir pra casa descansar...
            - E vou mesmo... Não gosto de ficar aqui até muito tarde. Essa escola aqui à noite é muito esquisita, chega até a me dar arrepios... Dizem que coisas estranhas acontecem aqui...
            - Que isso homem, larga de ser medroso... – disse em tom de brincadeira Denise enquanto se despedia de Inácio. - Até amanhã...
            E assim, despreocupado e querendo ir logo para casa, o gentil porteiro trancou os longos portões do colégio.
            - Terminei... – disse aliviado Tiago ao terminar a avaliação. – Achei que não ia terminar nunca...
            Tiago olhou para os dois lados da sala. Agora que percebera que estava sozinho ali, e por este simples fato, já ficou apreensivo. Resolveu então ir até a sala no piso superior, encontrar-se com a professora Denise.
Caminhando até as escadas que davam acesso ao segundo andar, observou que a escola encontrava-se num silêncio ainda maior que o de costume. Todas as luzes das outras salas e corredores estavam desligadas, e Tiago ligava-as à medida que caminhava.
            Alcançando o segundo andar, percebeu que teria que passar mais uma vez pela sala de artes, onde da última vez encontrara-se com o fantasma do diretor. Arrepiava-se todo só de pensar na possibilidade de outro encontro inesperado daqueles. Daí lembrou que já o tinha visto depois daquele incidente, e que ele parecera inofensivo a luz do dia. Todavia, uma coisa é vê-lo de longe, quando estava claro e rodeado de salas cheias de alunos, e outra muito diferente, é vê-lo ao seu lado, em pé e o encarando, ainda mais nestas condições sombrias que se encontrava.
            Porém, enchendo-se de coragem, passou pela sala e virou-se rapidamente para trás para verificar se nada o acompanhava. Respirando aliviado, pela inexistência de algo suspeito, continuou. Chegou até a sala que Denise disse que estaria. Contudo, estava vazia...
Tiago achou estranho, e reparando bem nas outras salas daquele andar, verificou que as demais também estavam vazias.
            Retornando ao andar inferior, procurou em vão sua professora pelas diversas salas do colégio, porem todas estavam vazias. Assim concluiu que estava sozinho na escola.
            - Estou sozinho na escola?!  – disse medrosamente Tiago.
            Correu até o portão da escola, e batendo-o e chutando-o, gritava:
            - Me tirem daqui... Eu estou preso... – gritava desesperadamente Tiago.
            Atitude em vão, pois ninguém o ouvia. Já era tarde, passava das vinte e duas horas e a maioria das pessoas já havia se dirigido para as suas casas. Um sentimento de angústia e medo se apossou de Tiago. Resolveu voltar, ir até aos fundos da escola e ver se conseguia pular por alguma brecha do muro. Assim não precisaria esperar que abrissem a escola pela manhã para poder ir embora. Só havia dois “probleminhas”, primeiramente, Tiago não era muito bom em educação física e, consequentemente, um péssimo escalador; e também, teria que ficar atento ao fantasma do diretor, que poderia aparecer a qualquer momento.
            Tremendo os joelhos e precisando tomar uma atitude, Tiago decidi por tentar pular o muro. Encaminha-se até a sala em que fazia a prova para recolher seus materiais. Ainda abalado pela situação a que se encontrava, guardava rapidamente os objetos na mochila. Até que um barulho, vindo de uma sala próxima, o assusta, e no movimento de olhar para trás para verificar de onde vinha o som, Tiago derruba a mochila no chão, espalhando os livros e cadernos pela sala. Assustado e ao mesmo tempo ansioso, Tiago começa a recolher as coisas no chão. Quando se depara com o livro que ganhara do avô: “O livro dos Espíritos”, enquanto outro barulho vinha da sala ao lado. Depositando toda sua esperança no livro por uma resposta, Tiago abre o livro em uma página aleatória e fixando os olhos num trecho, lê:
            “Nada ocorre sem a permissão de Deus (...)”.
Refletindo sobre o assunto, não poderia ser mais oportuno, e se assim o fosse, Tiago confiar-lhe-ia os acontecimentos porvindouros daquela noite. Lembrou-se também do Salmo 23, que sua mãe repetidamente falava em situações difíceis: “O Senhor é o meu pastor, nada me faltará”.
Tiago, agora mais calmo, pela segunda vez em sua vida, resolve fazer uma prece. Pediu proteção aos males que pudessem o infligir, e também pela elucidação das suas visões. Serenando os sentimentos, encheu-se de coragem e decidiu verificar o que acontecia.
             Pé por pé, se dirigi a porta da sala ao lado, esgueirando-se por detrás dela.
       Observava algo totalmente inesperado, algumas pessoas, senhores muito bem vestidos, se acomodavam nas cadeiras da sala. Pareciam velhos conhecidos e riam-se contidos, possivelmente para não ocasionar nenhuma balburdia. Contavam em seis ou sete, e prestando mais atenção, Tiago verificou que aqueles senhores eram na verdade espíritos, pela aura clara que mantinham envolta de si, principalmente na cabeça, que irradiava cada vez mais luz.
Reparando mais fortemente, Tiago fez notar que o diretor se encontrava entre esses personagens, sentado no círculo que agora se formava. Não obstante, chegara outro senhor, que Tiago não observou claramente de onde vinha ou de quem se tratava, mas, como os outros, irradiava intensa luz.
            - Queridos irmãos, começaremos assim então nossa reunião... – disse este Espírito que acabara de adentrar.


CRIAÇÃO
                                                                       Michael Menezes Martins
                                                                       Márcio de Sousa Mateus Jr.
                                                                      
REVISÃO
                                                                       Nísia Anália
                                                                       Khal Rens Cândido


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Meu povooo, desculpem pela demora [só uma semana de atraso, magina xD] mais enfim, finalmente tá ai o capitulo XI, tivemos algunsproblemas com a edição e revisão e tudo, mais no fim deu tudo certo, e não se preocupem que vai ter capitulo duplo daqui a algumas semanas pra compensar :D
é isso ai povo, até semana que vem, e falo serio dessa vez uahsuash, o/

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