Tiago
estava sentado à frente do computador, decidindo se iria ou não procurar na
Internet alguma coisa que explicasse tudo àquilo que o deixava confuso. Mas o
que ele poderia digitar? Pensou um pouco e lembrou-se que Daniel chamava
aquelas aparições de “demônios”, mesmo Zaf não concordando com esse nome. Mas
foi isso mesmo que ele digitou. Para o seu espanto foram encontrados cerca de
vinte e três milhões e cem mil resultados. Era bastante informação, possivelmente
nem tudo seria verdadeiro. Mas, por onde começar?
A primeira coisa que lhe chamou mais a
atenção foram as imagens. Havia fotos de seres tenebrosos, monstros de cor
vermelha, envoltos em fogo; algumas tinham seres assustando pessoas, outros rindo
do infortúnio alheio. Mas o que seria isso? Não era nem um pouco parecido com o
que Tiago havia visto até agora. Porém, resolveu continuar com sua pesquisa.
Quanto mais ele pesquisava mais encontrava
imagens, vídeos e fotos estranhas de seres que não condiziam com o que estava
realmente acontecendo com ele. Era um misto de terror e alusão diabólica. Tiago
estava se
assustando cada vez mais e querendo finalizar aquela busca improdutiva. Porém,
sua curiosidade falava mais alto e ele continuava ainda mais desejoso em saber
mais.
Mudara o título da pesquisa para
“fantasmas”, agora parecia um pouco mais com o que ele via. Tiago verificou que
estes seriam seres que já morreram, mas suas almas ainda se encontravam na
Terra para assombrar as pessoas ou terminar assuntos “mal resolvidos em vida”.
Não era isso também. O diretor, o homem de
terno branco e os outros seres que ele viu, não pareciam querer assombrar
ninguém, muito pelo contrário, queriam ajudar. O que seriam então? Continuou a
procurar por várias páginas, várias descrições de fantasmas e outras coisas que
Tiago não gosta muito de lembrar.
Foi quando em uma dessas páginas, se
lembrou de um filme que tinha visto, onde denominavam estes seres de outro
mundo de “espíritos”. Quando digitou, aí sim. Alívio. Ele havia encontrado
algumas imagens mais condizentes com o que tinha visto até agora. Tratava-se de
figuras de pessoas comuns, assim como o diretor e a menina do vestido que havia
visto, porém estavam sempre desfocadas ou ao fundo, mas ainda sim, eram
simplesmente pessoas normais, sem nenhuma feição infernal ou que tentasse
assombrar alguém.
Tiago já estava a certo tempo navegando por
algumas páginas da internet, quando encontrou a seguinte descrição:
“O espírito é o princípio inteligente do universo,
é imaterial, é indestrutível, é a sede da vontade, do comendo, da razão e da
condição moral. Pré existe ao nascimento e sobrevive a morte do corpo físico.
Os espíritos são as almas daqueles que viveram sobre a Terra ou em outros
mundos, apenas livres de seu envoltório corporal. Os espíritos somos nós.”
Ficou pensando no que acabara de ler, se aquilo
que ele estava lendo era mesmo verdade, ele não tinha porque ter medo. Eram
pessoas iguais a ele, que haviam morrido e, por mais que a ideia disso ainda
fosse um pouco assustadora, ao pensar bem, não inspirava tanto medo em relembrar
tudo o que acontecera até agora.
Era uma estranha sensação aquela que estava
sentindo, o medo que tinha, se misturara agora a um sentimento novo, que não
conhecia, certo tipo de ânimo juntamente de uma curiosidade crescente de saber
mais o que estava acontecendo.
A internet, por mais que fosse um lugar com
muitas informações sobre diferentes pontos de vista, não explicava muito bem os
detalhes de suas visões, e nem o porquê delas acontecerem primeiramente. Se
Tiago era realmente capaz de ver espíritos, porque não os via sempre, ou seja,
somente os via em certos momentos?
Lera em alguma das páginas: que existem há
todo momento, vários espíritos ao nosso redor. Se assim fosse, Tiago deveria vê-los
sempre. Desta forma ele logo pensou que não devia ser bem assim, e que talvez,
aqueles fantasmas que ele havia visto, eram os únicos que coexistiam conosco,
mas de qualquer forma, não sabia explicar com certeza. Ainda havia muitas dúvidas
em sua mente.
Tiago pensou em Zaf, e no que o amigo
pensaria disso, “Espíritos...” diria ele, “São só mais coisas da sua cabeça,
Tiago, você precisa mesmo é de um psiquiatra que vai te explicar que isso são
só alucinações...”; e provavelmente discursaria por mais uns quinze minutos
sobre alguma explicação que ele considerasse mais lógica. Pensou também em
Juliana, e no que a amiga teria a dizer. Tiago nunca se abria muito sobre coisas
sentimentais com a amiga, tinha receio do que ela iria pensar dele. Na verdade,
nem sabia o que ela pensava de tudo aquilo, de espíritos e de religião. Já a vira
discutir com Zaf algumas vezes, mas nunca parou realmente para prestar atenção.
A amiga parecia não gostar muito de falar disso, a não ser nessas poucas
discussões.
Tiago viu que já era tarde, e decidiu que
já bastava de pesquisas naquela noite. Precisava dormir, pois tinha mais aulas
no outro dia, e ainda teria que ir à escola à noite, tentar realizar a prova da
professora Denise novamente. Tentou não pensar muito sobre o assunto, desligou
o computador e foi para cama.
Na manhã seguinte, Tiago havia sonhado com
alguma coisa, mas não se lembrava do que se tratava. Não se importou. Trocou de
roupa e desceu as escadas para tomar café, encontrou apenas seu avô a mesa.
- Bom dia, jovem! Dormiu bem? – disse
Otávio.
- Sim, vô. Bom dia pro senhor também. Mamãe
já foi trabalhar?
- Sim, sim, já foi. Tem pão em cima da
mesa, e acho que sua mãe deixou um leite na geladeira, senta aí e come.
- Ah vô, acho que não vou comer não, “tô”
meio atrasado pra escola, já vou ind..
- Que nada rapaz! - interrompeu o avô –
Toma! - disse o avô lhe entregando um copo - Você tem que comer, vou arrumar o
pão pra você. Agora senta aí e come!
- Brigado vô... – disse Tiago rindo da reação
do avô, ele se parecia muito com sua mãe às vezes. De repente ele se lembrou de
que também não sabia o que o avô pensava de fantasmas e de religião, e resolveu
perguntar – Vô, o senhor já foi à igreja?
- Ah sim, há muito tempo quando eu era mais
jovem eu ia, mas toda a bagunça da guerra, e depois da ditadura, acabou me
tirando o tempo para lidar com esse tipo de coisa.
- E o senhor acredita em Deus e em vida
após a morte? – interpelou Tiago.
Otávio olhou para Tiago com uma cara um
pouco assustada, o neto nunca havia feito perguntas do tipo para ele, e agora que
começara a pensar, também nunca havia falado deste assunto com ele.
- Sim, meu filho... Não penso em Deus tanto
quanto gostaria, mas quando se chega à minha idade, você começa a pensar nas
coisas, e uma segunda vida depois dessa, começa a se tornar uma esperança. –
disse em tom pensativo Otávio.
- Entendi... Mas, o que isso vô! O senhor
vai viver uns cem anos ainda! – disse Tiago sorrindo para o avô.
Otávio sorriu de volta e disse:
- E você se não comer logo e ir pra escola
não vai viver nem mais dez minutos – disse Otávio em tom de brincadeira com
Tiago.
Tiago se despediu do avô e dirigiu-se para a
escola. Ele ainda não sabia, mas aquele momento que acabara de ter mudaria sua
vida para sempre.
CRIAÇÃO
Michael
Menezes Martins
Márcio
de Sousa Mateus Jr.
REVISÃO
Nísia
Anália
Khal
Rens Cândido
Link para download:
GENTE MAIS UM CAPITULO!!! Desculpem a demora pessoal, falta de tempo problemas técnicos nos impediram de postar na sexta, mais ta ai, com um pequeno atraso, o Cap. 6 pra vocês, e semana que vem tem mais, no dia certo... prometo... é serio.. '-'
Mas é isso ai galera, comentem por favor, e divulguem o quanto possivel :]
e até semana que vem! o/
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