sexta-feira, 22 de março de 2013

O Jovem Espírita - Capítulo IV - "Na Escola"


      Definitivamente Tiago estava vendo fantasmas. Já eram quatro pelas suas contas. Após um final de semana em repouso, voltou mais uma vez para a escola, desta vez ainda mais temeroso. Decidiu por ir à pé, tinha medo de atropelar mais alguém ou alguma coisa, e também, seria uma “ótima” caminhada. A cada passo que dava, olhava para todas as direções, à procura do menor movimento suspeito. Saíra bem cedo de casa para garantir que não iria se atrasar, mas a verdade era que persistira em suas noites aquele probleminha para dormir.
            Tudo ocorrera normal a caminho da escola, o primeiro a se encontrar com ele foi Zaf.
            - Fala ae Tiago... Como foi a prova? – perguntou Zaf bastante interessado.
            Tiago encarou o amigo e pensou se poderia compartilhar com ele o que havia ocorrido. Lembrando que Zaf já o tinha ridicularizado noutro dia pelo mesmo motivo, decidiu disfarçar:
            - Ah cara... Nem sei! – respondeu malandramente Tiago.
            Os dois se entreolharam e encaminharam-se para a sala. No caminho, próximo aos bebedouros, passaram por Izabella que saía do banheiro feminino. Izabella era a garota mais bonita do colégio, todos os garotos à admiravam, inclusive Tiago e Zaf. Seu longo cabelo negro muito liso lhe caia pelas costas, e seus olhos eram de um azul acinzentado como o final de uma tempestade. Era uma típica “patricinha colegial"; possivelmente seria esta a razão pela qual era prepotente, se considerando superior a tudo e a todos.
            Uma curiosidade era que Tiago se apaixonara por Izabella desde a primeira vez que a viu, na quarta série do ensino fundamental, fazendo com que Tiago desenvolvesse algo um pouco além da simples atração física por ela, apaixonara-se também pelo que ele acreditava ser a mulher de sua vida.
            - Olha se não são o Tico e o Teco! – disse em tom sarcástico Izabella. – Ah não, você é o “poneizinho”, né? – deliberou apontando para Tiago, rindo de sua própria provocação.
            Zaf deu um sorriso abafado, disfarçando para que seu amigo não percebesse, mas Tiago nem se importava com os insultos, ao menos ela se lembrara de seu apelido. Neste momento Tiago avistou um vulto passar por detrás da menina e entrar no banheiro feminino. O mesmo arrepio da noite anterior lhe veio à nuca. Sem perceber, Tiago saiu correndo para o banheiro masculino.
            - Nossa... não sabe nem brincar  bebezão... – resmungou Izabella, dando as costas para Zaf.
            Zaf foi logo atrás de seu amigo. Chegando ao banheiro, encontrou Tiago trancado em uma das cabines.
            - Ei cara, você tá bem? –Zaf perguntou preocupado -Tá passando mal ou algo assim?  Se quiser eu chamo a enfermei...
            - Não, eu estou bem! - interrompeu Tiago - É só que, eu pensei ter visto alguma coisa passar atrás da Izabella...
            - Sim eu também vi - disse Zaf em tom despreocupado.
            - Ahn? Você também viu!? - disse Tiago assustado.
            - Claro, a Ângela do primeiro ano entrando no banheiro. O que tem de mais?
            - Tem certeza que foi só isso? - disse Tiago agora confuso.
            - Sim, porque não teria? Cara, você tá bem mesmo? Não me diga que é pela história do diretor de novo? Eu já te disse que aquilo é só uma lenda, e que nada daquilo é re...
            - Não, não é isso - interrompeu Tiago novamente - É só que...
            -É só que o quê?
            - Nada... esquece... – respondeu Tiago saindo da cabine, encaminhando-se a porta.
            Zaf o seguiu sem entender muita coisa. Tiago parecia agora mais desconfiado ainda, olhava para todos os lados, como se estivesse procurando algo. Zaf apenas o observava.
            Ao chegar a sala de aula a srta. Denise logo foi chamando Tiago à sua mesa.
            - O que aconteceu Tiago? Você foi embora e nem me disse nada... – argumentou em voz baixa com Tiago.
            Tiago certamente não iria lhe contar o que verdadeiramente havia ocorrido, decidiu inventar alguma desculpa, porém nenhuma lhe vinha à mente.
            - Sabe o que é professora... Minha mãe me ligou durante a prova e me disse para ir pra casa que era um assunto urgente...
            - E que assunto seria esse? – perguntou desconfiada a professora.
            Tiago parou olhando a professora. Forçava sua mente a arquitetar um bom pretexto que o livraria daquela situação, mas era péssimo com mentiras, e antes que pudesse pensar em alguma coisa, Zaf disse por trás dele:
            - Cara, sinto muito pelo seu avô - disse pondo a mão em seu ombro - Que susto foi aquele semana passada, em? Ele tá melhor?
            Tiago ficou perdido alguns instantes, mas logo percebeu o que Zaf estava fazendo.
            - Sim, ele está bem melhor, obrigado, mas foi uma correria, indo pro hospital com ele, mas graças a Deus nós chegamos à tempo, e não era nada grave.
            - Entendi... Bem, então beleza. - disse Zaf com um pequeno sorriso no rosto ao se dirigir para sua mesa. Enquanto isso a professora olhava para Tiago com ar de espanto.
            - Bom, você poderia ter me avisado que era um problema de saúde... E já que é assim, vou te dar mais uma chance de refazer a prova, mas esta será a última, certo? Se você perder essa, eu não vou ter escolha senão ter que zerar a sua nota, entendido?
            - Sim professora, obrigado, dessa vez vai sair tudo bem - disse Tiago, num tom não muito firme, pensando que talvez tivesse que vir a escola a noite novamente.
            - Bom, está certo então, agora vá pro seu lugar!
            Tiago retornou a sua mesa, tentando parecer calmo para a professora não desconfiar de nada. Deve ter sido bastante convincente, pois assim que Tiago se sentou, a professora começou a aula.
            Tudo decorreu como de costume, com Zaf discursando sobre qualquer assunto que a professora Denise mencionava.    Mas Tiago estava diferente, parecia distante. Certamente estaria preocupado com a situação em que se encontrava. Pensamentos angustiosos lhe vinham à mente, às vezes de raiva pelos acontecimentos recentes, dos fantasmas e sonhos esquisitos, que estavam atrapalhando a sua vida; outras vezes, tinha medo do desapontamento materno, da incompreensão dos amigos, lembrando que não tinha ainda desabafado nem com sua mãe nem com o avô.
Um turbilhão de informações lhe povoava o interior, fazendo então que parecesse hipnotizado. Juliana percebeu o estado de Tiago, e parecia bem preocupada com o amigo, tentou buscar explicações com Zaf, porém ele estava muito ocupado discutindo com a professora, sobre “porque os autores literários da antiguidade davam tamanha importância a descrever figuras religiosas”. Assim, Juliana não quis interromper Zaf neste momento, o que a deixou inquieta.
            Passado certo tempo, Tiago foi recobrando os sentidos, até que pediu a autorização da professora para ir ao banheiro; que lhe autorizou sem demora.
            No caminho viu uma garotinha. Ela devia ter uns onze anos e aparentava ser novata na escola. Mal sabia ela que estava indo beber água no que os veteranos chamavam de “o bebedouro tsunami”, pois quem utilizava aquele bebedouro se molhava todo, a água saía num jato muito forte e, literalmente, “dava um banho” na pessoa.
            Foi quando Tiago viu um homem que parecia o diretor, aquele mesmo, o fantasma da outra noite. Enquanto a menina caminhava para o infortúnio, o homem a acompanhava, e como que se quisesse impedi-la, aproximou-se da menina e, pelo que se observou, aparentou sussurrar alguma coisa em seu ouvido. Foi quando a menina parou, e como que se tivesse desistido de ir por aquele caminho, foi saciar-se no bebedouro do outro lado do pátio, o senhor se sentiu satisfeito e num piscar de olhos de Tiago, desapareceu.
            Espera um pouco... o que aconteceu aqui? Fantasmas não são malignos? Eram algumas das perguntas que vinham à mente de Tiago quando este se deu conta que estava parado no meio do pátio. Esquecera até de ir ao banheiro e retornou correndo a sala de aula.
            As horas passavam devagar, pois estava louco para compartilhar o ocorrido com Zaf. Quando o intervalo finalmente chegou, Tiago iniciou:
            - Vi outro fantasma...
            - O quê? – respondeu surpreso o amigo.
            - É... Sabe a história que você me contou do diretor fantasma? Então... Eu o vi sexta-feira à noite, quando vim fazer a prova enquanto passava pela sala de artes...
            - Ah... “cê” tá de brincadeira né? Eu te disse hoje lá no banheiro, aquilo e só uma lend...
            - E vi hoje de novo! - interpelou rapidamente Tiago, antes que Zaf pudesse terminar.
            Contudo, outra pessoa também prestava atenção na conversa. Era um colega de classe de Tiago, o Daniel, um jovem de mesma idade, porém muito mais espiritualizado, cresceu em berço evangélico graças a seus pais, frequentava as reuniões e cultos desde que era bebê, por este motivo não se interessava por nenhum assunto que diferisse dos mandamentos de Deus.
            - Não deixei de lhes ouvir a conversa... – disse Daniel.
            - Ihh... lá vêm, fica vendo... – respondeu Zaf se distanciando de Tiago. – Boa sorte...
            - O que foi Daniel? – disse Tiago prestativo.
            - Você falou que esta vendo “demônios”, não é?
            - Não, estava vendo fantasmas... Não sei se eram bem demônios...
            - É, é a mesma coisa... Então eu queria te convidar para assistir a um culto na minha igreja, você gostaria?



CRIAÇÃO
                                                                       Michael Menezes Martins
                                                                       Márcio de Sousa Mateus Jr.
                                                                      
REVISÃO
                                                                       Nísia Anália
                                                                       Khal Rens Cândido




Link para download do Cap IV:


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Té ô/

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