sexta-feira, 15 de março de 2013

O Jovem Espírita - Capítulo III - "Fantasmas"


Tiago, por mais uma vez nos últimos tempos, dormira mal, tendo repetidamente aquele mesmo sonho.
Sonho que era estranhamente idêntico em todas às vezes, o que lhe dava calafrios. Mesmo assim, acordara mais disposto, lembrando-se o quanto o dia anterior havia sido estranho. Ainda estava confuso com tudo o que havia acontecido, e esperava que este fosse apenas mais um dia normal.
            Desceu as escadas correndo como de costume. Com uma pequena diferença, quando já estava chegando ao final da escada, tropeçou no último degrau e espatifou-se no chão. O barulho foi tão alto que acordou Otávio, seu avô, que estava cochilando no sofá da sala.
            - Oh meu Deus, são os nazistas... – Berrou Otávio – Todos aos seus postos... Evacuem a cidade, mulheres e crianças primeiro...
             Otávio era um militar aposentado, não lutara na guerra, apenas fazia parte da contabilidade do exército. Porém, em meados da segunda guerra mundial, foi auxiliar na gestão dos equipamentos e mantimentos para o campo de batalha. E como era bastante medroso, na época vivia com muito medo de um ataque surpresa, medo este que ainda persistia até hoje em algumas ocasiões.
- Ahh... É só você meu filho... – disse Otávio após um pequeno período de perturbação, tentando entender o que estava acontecendo.
O avô se levantou e foi em direção a Tiago:
 - Você está bem?
            - Estou vovô... Apenas tropecei... – respondeu Tiago, apalpando a cabeça pra verificar se não quebrara nada.
            - Ainda bem... foi um baita tombo, hein? – disse Otávio rindo.
            Tiago riu um pouco com o avô, mas percebera que iria se atrasar novamente. Não o poderia, pois se isso acontecesse perderia mais uma prova, e a do dia anterior já teria que remarcar para outra ocasião.
            Despediu-se de seu avô e dirigiu-se para a cozinha. Sua mãe já havia saído para o trabalho, contudo, havia deixado o café da manhã pronto, com o seguinte bilhete:
“Querido,
O café está do jeitinho que você gosta, o pão está na mesa e a manteiga está na geladeira. A mamãe teve que ir mais cedo para o trabalho hoje e vai chegar um pouco mais tarde. Obedeça a seu avô e cuide da casa.
                                                           Beijo, Mamãe. Ah, e Boa prova...”
Tiago após ler deu um sorriso torto e apanhou uma maçã que estava em uma fruteira a sua frente. Se despediu novamente do avô, pegou a bicicleta e encaminhou-se para a escola. Desta vez, foi com muito cuidado para não esbarrar em ninguém, se lembrando do incidente do outro dia.
Ao chegar à porta do colégio, a Escola Estadual Prof. Oswaldo de Queiroz, avistou de longe seu melhor amigo, Zaphquiel, mas quase ninguém o conhecia por esse nome. Na escola era mais conhecido como “Zaf”. Às vezes, quando um professor novo fazia a chamada, lia seu nome completo, e a sala se perguntava se não era algum aluno novo, e algumas outras vezes caiam na gargalhada. Mas Zaf não se importava, pelo menos não até há alguns meses, quando descobriu o verdadeiro significado do seu nome, mas isso é uma outra história.
Entrementes, Tiago relatou detalhe por detalhe o que ocorreu com ele, os casos da mulher e do casal fantasmas. Zaf caiu na risada, não se aguentava de tanto rir, Tiago ficara até constrangido pela situação.
- Deu pra ver assombrações agora Tiago? – interrogou Zaf enquanto gargalhava. – Era o que me faltava...
- É verdade Zaf... – disse Tiago, tentando se explicar. – Eu vi mesmo...
- Deixa dessa Tiago... Essas coisas não existem... Vai me dizer agora que acredita também na lenda do Diretor Fantasma... – disse em tom fantasmagórico.
- Que lenda? – perguntou Tiago desentendido, pois adorava ouvir esta história.
Seu amigo entendeu a intenção e foi logo narrando o conto em tom de “historia de terror”:
- Há muito tempo, aqui nesta mesma escola, ocorreu um grande incêndio, o diretor daquela época era admirado e temido por todos, e quando se iniciou o holocausto se pôs a auxiliar todos a saírem, um a um, quando todos já haviam saído, ele retornou pra escola em chamas, dizendo que morreria juntamente com o colégio que tanto amara.
Deu uma breve pausa, finalizando em tom normal...
– Bom, daí dizem que ele ainda está por aqui, protegendo e ensinando os alunos, e se algum deles sair da linha, ele...
Neste momento Tiago, que herdara a mesma prostração do avô, já estava com o coração apertado; e como se não bastasse, Juliana, outra amiga sua da escola, chegou por trás dele sem ser percebida e disse:
-...vai transformar todos em zumbis sem cérebro! – disse gritando repentinamente atrás dele.
Tiago deu um grito que foi ouvido por todos no pátio. Juliana e Zaf se desataram de tanto rir. Juliana era uma menina meiga e gentil, já com seus dezesseis anos, de cabelos longos castanhos claros e olhos da mesma cor, os três eram amigos de longa data.
- Te assustei “My-little-poney”? – brincou Juliana.
- N-Não... – gaguejou Tiago, tentando disfarçar.
Tiago não ligou para a provocação desde que dito por ela, já que ele era baixinho mesmo, mas quando outra pessoa falava de sua altura ficava uma fera.
- Vamos, a aula já vai começar... – interpelou Zaf.
Tiago, Zaf e Juliana se encaminharam para a sala de aula conversando e fazendo brincadeiras entre si. Chegando à sala, Tiago já fora logo falar com sua professora, a srta. Denise, que ministrava a matéria de Português, queria saber quando poderia refazer a prova; mostrou-lhe o atestado médico e lhe contou por alto sobre o que havia ocorrido, mas sem entrar em detalhes como tinha feito ao seu amigo.
- Nossa Tiago, mas você está bem? – perguntou-lhe a professora.
- Estou... mas e a prova, quando posso fazer? – questionou Tiago.
- Você pode vir fazer a prova hoje à noite... Tudo bem?
- Beleza...
A manhã e a tarde discorreram normalmente, quando fora a noite retornou para fazer a prova. A escola à noite parecia uma casa mal-assombrada, abandonada e deserta; apesar de haver aula neste período, eram poucas as turmas.
O colégio era enorme, de dois andares e várias salas. Tiago se lembrara da história que ouvira mais cedo, e se arrepiou todo. Apertou o passo e sem mais demora foi até a profa. Denise, que o acomodou em uma sala no piso inferior, em que ele ficaria sozinho fazendo a prova.
- Tiago, você pode ficar aqui fazendo a prova... Qualquer dúvida ou quando acabar pode ir à sala vinte e um no piso superior.
Tiago balançou a cabeça em atitude de entendimento, mas estava tremendo por dentro. A lenda que o amigo o havia contado e outras histórias de terror o vinham à mente a todo o momento.
E assim, depois que a professora abandonou a sala, deu-se início ao exame. Em dado momento, a lapiseira que Tiago estava usando acabou o grafite. Não havia problema, bastava continuar à caneta, foi quando percebeu que a tinha esquecido. Desesperou-se, tinha que continuar a prova, mas não queria sair da sala e “dar de cara” com um fantasma ou algo do tipo, estava muito inquieto.
Depois de hesitar alguns instantes, tomou coragem e saiu. Pé por pé foi caminhando rapidamente em direção às escadas. Os corredores eram longos, o que não era um ponto positivo para Tiago. Alcançou às escadas e subiu desconfiando até do menor ruído percebido ao seu redor. Olhando a todo o momento para trás, conseguiu chegar até o topo, suando frio de medo juntamente com o cansaço de subir as escadas tão rapidamente.
O corredor superior estava escuro e num silêncio medonho. Tiago respirou fundo e continuou, a sala vinte e um era a última daquele andar. De repente, um calafrio lhe paralisou, lembrou que iria passar pela sala de artes, onde antigamente, antes do incêndio, dizia-se ser o gabinete do diretor. Tiago não sabia se continuava ou se voltava, mas já que estava naquele ponto, não poderia retornar. Assim, tomou coragem e continuou.
De olhos fechados, passou pela sala. Já se sentia aliviado, quando um vento frio veio em sua nuca, como um sopro bem leve. Virou inocentemente, quando se deparou com a visão do que parecia ser um homem, muito bem vestido, de terno e gravata, tinha um cavanhaque e cabelo curto bem cortado. Uma aura clara e mansa pairava ao redor dele, e se não fosse o medo, ao inclinar-se para baixo para desviar o olhar, Tiago quase não notaria que o homem estava suspenso a 10 cm do chão.
Num misto de espanto e pavor, Tiago fugiu correndo e gritando pela escola. Pegou sua bicicleta e foi-se sem demora para casa.

CRIAÇÃO
                                                                       Michael Menezes Martins
                                                                       Márcio de Sousa Mateus Jr.
                                                                      
REVISÃO
                                                                       Nísia Anália

                                                                       Khal Rens Cândido

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É isso ai galera, esse foi o capitulo 3, deu vontade de ler mais? quer logo o proximo capitulo? tudo bem, aqui est... digo, só semana que vem pessoal xD 
Aguardem que ainda vem muitas emoções por aí!! o/

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