Tiago acabara de sair da sala de
radiografias, sentia-se bem, apenas com pequenas dores. Fizera os exames apenas
por precaução. A enfermeira o tinha orientado que ficasse em um quarto para
fazer alguns curativos, esperando que saísse os resultados dos exames. Tiago
aceitou de bom grado, pois estava um pouco cansado.
O quarto do hospital era confortável, possuía
um aroma floral que acalmava até as ultimas células do corpo.
Um quadro pendurado na parede o chamou
atenção. Tratava-se de uma paisagem muito bonita, um campo verdejante com
algumas pequenas flores espalhadas, com um riacho ao fundo em um tom de azul
incomparável. Um sentimento de conforto vinha em seu peito.
Aquela imagem o dava a impressão de outro
mundo. Não poderia existir paisagem tão bela neste planeta e, por incrível que
lhe parecesse era estranhamente familiar. Os traços não lhe permitiam
identificar especificamente o local, mas sabia de alguma forma que conhecia
aquele lugar.
Outro ponto que lhe chamou a atenção no
quarto, foi a cortina que ficava bem ao lado de sua cama. Observando mais
atentamente, percebeu que não estava sozinho. Através de uma das frestas
formadas pela cortina, reparou que havia um jovem na cama ao lado, aparentava
os seus 19 anos, era bem afeiçoado, de aparência tranquila, que dava a
impressão de estar apenas dormindo.
Tiago demorou certo tempo olhando a
quantidade de máquinas ligadas àquele rapaz. Não parecia que lhe havia nada de
grave. Ficou a imaginar o motivo pelo qual ele estaria ali.
Começava a se aproximar do leito, quando viu
pela fresta um casal a adentrar no quarto. Parou onde estava a observar o que
parecia ser os pais do paciente. Os dois eram de uma aparência muito tranquila,
mas ao mesmo tempo aparentavam demonstrar uma grande preocupação com o estado
do rapaz. A senhora, que parecia ser a mãe, acariciava a mão do rapaz, ela
possuía os cabelos grisalhos, com a aparência de quem já passa da fase da
madureza e se encaminha para velhice, trajava um vestido branco longo; já seu
pai, um senhor também já de idade elevada, se mostrava muito preocupado,
confortando a todo o momento a mulher, este vestia também uma roupa totalmente
branca, Tiago pensou que talvez trabalhassem no hospital.
A senhora em dado instante acariciou o filho
no rosto, em atitude muito comovente, que emocionou profundamente Tiago, que
até então, não parecia ter sido notado pelo casal. O senhor apenas observava de
longe, bastante angustiado, mas também esperançoso. Antes de sair, a mãe
curvou-se no leito do filho e beijou-lhe carinhosamente a fronte e foi se
afastando, demoradamente, sem o perder de vista, encontrou-se nos braços de seu
marido, e depois de um longo abraço, se entreolharam e, com um sorriso e um
gesto afirmativo com a cabeça, se dirigiram à porta do quarto.
Neste instante, a enfermeira, a que Tiago não
havia percebido a presença, num movimento abrupto abriu a cortina de divisória
do quarto.
- Nossa! Este quarto está muito abafado!
Tiago quase enfartara. Deu um pulo para trás,
seu coração batia rapidamente e a respiração era ofegante.
- Tudo bem meu jovem? – indagou a enfermeira
com estranheza no olhar.
- Tudo... – respondeu Tiago, tentando se
acalmar – Só estava meio distraído...
A enfermeira se fez de entendida e continuou:
- Os seus resultados saíram, o Dr. Adriano
logo virá atendê-lo.
Tiago balançou a cabeça em sinal de
entendimento. Porém, estava curioso sobre o casal que vira agora a pouco.
- Enfermeira, posso fazer-lhe uma pergunta? –
indagou Tiago.
- Diga jovem...
- O casal que acabou de sair, eram os pais
dele? – intrigou Tiago, fazendo menção ao rapaz deitado na cama ao lado.
- Que casal? Não estamos no horário de
visitas! – indagou surpresa a enfermeira - Além disso, eu estava no corredor
até a pouco e não vi ninguém sair deste quarto.
Tiago se espantou com a afirmação da
enfermeira, que ainda continuou:
- E também não poderiam ser seus pais, este
rapaz sofreu um acidente de carro há alguns dias, e infelizmente, seus pais não
sobreviveram. Eles não eram desta cidade, e porventura estamos tentando
localizar a família.
Se já estava surpreso com a última
informação, agora ficara totalmente confuso. Não havia engano, tivera certeza
de ver um senhor e uma senhora no leito do jovem. Apesar de ter avistado apenas
pela fresta da cortina, vira claramente o casal. Será que estou imaginando coisas?, pensou. Não poderia ser. Talvez
a enfermeira tivesse se enganado de paciente, ou fora algum casal de médicos
que conhecem o rapaz. Entretanto, nada soube afirmar naquele momento.
Possivelmente estivesse apenas cansado, pois muitas coisas haviam acontecido
com ele nos últimos tempos.
Neste ínterim, veio o médico ao seu encontro,
dizendo-lhe que estava tudo bem e que nada havia de anormal nos seus exames. Ao
sair do hospital, ainda estava confuso e perplexo com o que vira naquele dia,
primeiro a moça vinda de lugar nenhum e agora esse casal que sumira de repente.
O que estava acontecendo?
Na porta do hospital sua mãe já estava a
esperar impaciente. Quando o avistou, como uma leoa a atacar sua presa, voou ao
pescoço de Tiago, e o abraçou tão forte quanto poderia abraçar.
- Meu filho! Você está bem? – perguntou Lívia
tremendamente aliviada ao abraçar o filho.
- Até agora estava mãe... – sussurrou Tiago,
como se estivesse a perder o fôlego.
- Me desculpe... É que estava muito
preocupada! Vim assim que soube. O que aconteceu?
- Caí de bicicleta... Nada de mais, mas um moço
que passava pela rua insistiu em me trazer até aqui, só pra confirmar se estava
tudo bem...
- Ai meu filho, ainda bem... – respirou
aliviada sua mãe, abraçando-o novamente.
- É... ainda bem mãe... Eu preciso mesmo é
descansar e ter uma boa noite de sono... – suspirou Tiago, como se estivesse exausto.
CRIAÇÃO
Michael
Menezes Martins
Márcio
de Sousa Mateus Jr.
REVISÃO
Nísia
Anália
Khal
Rens Cândido
E é isso ai galera, esse foi mais um capitulo da nossa historinha semanal, não percam o próximo na semana que vem!! Até! o/
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